Infestação de caramujos africanos atinge 14 cidades do Maranhão

agosto 28, 2025
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Caramujo Africano

Cerca de 14 cidades do Maranhão enfrentam uma infestação de caramujos africanos, problema de saúde pública que tem causado apreensão tanto na população quanto nas autoridades. Em São Luís, pelo menos 13 bairros já registram casos de proliferação do molusco, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente.

Origem do problema

O caramujo africano foi introduzido ilegalmente no Brasil no fim da década de 1980, vindo do Leste Europeu. A ideia era utilizá-lo como uma alternativa mais barata ao escargot na culinária francesa. No entanto, a criação não teve êxito e a espécie acabou sendo descartada no ambiente natural. Com alta capacidade de adaptação e sem predadores naturais, o animal se espalhou rapidamente por diversas regiões do país.

Especialistas explicam que o caramujo pode viver até sete anos e, nesse período, depositar cerca de oito mil ovos. No Brasil, encontra alimento facilmente em resíduos orgânicos espalhados pelas ruas, favorecendo ainda mais sua proliferação.

Infestação crescente

A presença dos caramujos em grande quantidade tem causado espanto entre moradores. “Me chamou a atenção porque eu nunca tinha visto nessa grande quantidade”, relata Lindinalva Costa, cuidadora de idosos.

De acordo com o biólogo Keyton Coelho, o avanço da espécie representa um desafio difícil de conter. “Ele está em todo o litoral brasileiro e em algumas cidades do interior. Tornou-se uma proliferação grande por não ter predador natural”, afirmou.

Riscos à saúde

O infectologista Daniel Wagner alerta que o caramujo africano pode funcionar como hospedeiro intermediário de vermes causadores de doenças. Entre elas, está a meningite eosinofílica, que pode provocar dor de cabeça, febre, náuseas, vômitos e, em casos graves, convulsões e perda de consciência.

Ações das autoridades

Em São Luís, equipes da prefeitura realizam mapeamento de áreas de risco, monitoramento do vetor e coleta dos animais. “O objetivo é identificar, recolher e eliminar as espécies encontradas”, explicou Marcos Vinicius Serrão Viana, diretor de controle vetorial do município.

A orientação das autoridades é que a população utilize luvas ou sacos plásticos ao manusear os caramujos e faça o descarte seguro em baldes com soluções de água sanitária, cal ou sal.

Reação da comunidade

Apesar das medidas, moradores afirmam que a quantidade de animais só aumenta. Muitos organizam mutirões para tentar conter a infestação. “A minha iniciativa foi reunir com os moradores, mandarmos limpar a área e colocamos cal para ver se resolvemos. Todo dia de manhã a gente sai catando. É catador de caramujo agora”, contou um morador.

Segundo a reportagem do G1, mesmo com os esforços conjuntos de autoridades e população, o avanço do caramujo africano segue sendo um desafio persistente no Maranhão.

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