Por André Luiz: Tocantins: 20 anos de progesso econômico e estagnação social — o Estado que cresce, mas não muda a vida de quem mais precisa

novembro 26, 2025
3 minutos de leitura
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O Tocantins é talvez o único estado brasileiro onde o futuro chega pela economia, mas não chega pela política. Em duas décadas, avançamos em produção, tecnologia, urbanização e conectividade. Mas continuamos presos ao mesmo “manual de poder” que paralisa projetos, sabota a gestão pública e impede que o desenvolvimento alcance quem mais precisa.

É duro escrever isso, mas é impossível ignorar: O Tocantins é um estado que cresce para fora, mas não cresce para dentro. O PIB melhora, a safra aumenta, a pecuária avança, a energia se expande — mas saúde, segurança, saneamento e infraestrutura municipal continuam andando no ritmo de 1998. E essa contradição precisa ser exposta.

O AVANÇO EXISTE — MAS NÃO É O AVANÇO QUE TRANSFORMA VIDAS

O Tocantins de hoje é muito mais moderno do que o de 20 anos atrás: temos um agronegócio forte, competitivo e sustentável. Temos universidades, institutos, polos urbanos estruturados. Temos energia para atrair empresas, ferrovia, produção recorde e investidores e cidades que cresceram e se tornaram referência regional. Mas também temos outra verdade incômoda: o Tocantins rico divide o mesmo mapa com o Tocantins esquecido. Regiões inteiras seguem com hospitais sobrecarregados, escolas sucateadas, falta de médicos, estradas destruídas, saneamento precário, violência crescente, jovens sem oportunidades. Não é que o estado não cresça.
Ele cresce — mas não chega onde deveria.

O PROBLEMA NÃO É A ECONOMIA. O PROBLEMA É O SISTEMA POLÍTICO QUE SE RECICLA EM CIMA DO PRÓPRIO FRACASSO

O Tocantins virou especialista no que nenhum estado deveria ser: mandatos interrompidos, projetos inacabados e governos que nunca chegam ao fim. Nenhum dos últimos governadores concluiu o mandato. Nenhum. Dois foram cassados. Outros afastados. Renunciaram. Viraram alvo de operação. O cidadão trabalha, produz, paga impostos — e assiste a uma sequência de escândalos que se repetem como se fosse tradição. Como construir a regionalização da saúde? Um sistema educacional integrado? Segurança pública forte? Desenvolvimento municipal consistente? Se os governos duram menos que um curso técnico? Essa instabilidade cria um Tocantins em que: secretários não ficam, programas não avançam, promessas viram migalhas, obras param, e políticas públicas perecem antes de nascer. É um estado condenado a viver no rascunho.

A VERDADE QUE NINGUÉM TEM CORAGEM DE DIZER: O TOCANTINS NÃO É ATRASADO — ELE É MAL GOVERNADO

É isso. Não falta potencial. Falta gestão, continuidade e coragem política. O agronegócio vai bem. Os empresários produzem. Os servidores trabalham.
A população luta. Mas a classe política — essa sim — é o grande obstáculo. Não existe plano de 20 anos. Não existe compromisso de Estado. O que existe é um ciclo viciado que prioriza acordos, cargos e interesses, deixando as grandes questões para depois… e depois e depois. O resultado? Um Tocantins que poderia ser referência nacional, mas se contenta em ser “promessa eterna”.

E A PERGUNTA QUE FICA É: ATÉ QUANDO O TOCANTINS VAI CRESCER SEM DESENVOLVER?

A população já percebeu que não adianta safra recorde se o hospital continua sem leito.
Não adianta arrecadação subir se a escola continua sem estrutura. Não adianta ter potencial turístico gigante se as estradas continuam esburacadas. Não adianta licitar bilhões se nada chega ao cidadão. O Tocantins precisa de uma ruptura — não de pessoas, mas de modelo. O modelo atual envelheceu, falhou e já não entrega. E enquanto a política continuar vivendo para si mesma, o cidadão continuará vivendo à própria sorte.

CONCLUSÃO: A HORA DA MUDANÇA NÃO É 2026. É AGORA.

O Tocantins não precisa inventar futuro — ele já tem futuro. Falta a parte mais difícil: torná-lo realidade para todos. Se existe uma frase que resume os últimos 20 anos, ela é esta: O Tocantins avançou na economia, mas ficou para trás na vida das pessoas. E isso precisa — urgentemente — ser colocado no debate público. Com coragem. Com transparência.
Com responsabilidade. E com a força de quem não tem medo de dizer: o povo merece muito mais.

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